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Estado de alerta
Estado de alerta

 

ZANSHIN (espírito em alerta)

 

 

Há um antigo ditado Samurai que diz “Quando a batalha termina, aperte a alça do capacete.” Ele se refere a atenção constante, prontidão para o perigo e presteza para a ação. O ditado Japonês em si foca o fim do combate, quando é natural relaxar a atenção, imaginando que o perigo terminou, quando na realidade ele frequentemente não terminou. “Esse conceito se transfere para o Dojo, que não é apenas uma sala de treinamento, mas um lugar onde se deve manter atenção constante para a possibilidade de combate intenso”, como disse John Donohue em seu artigo sobre Kendo: O Caminho da Espada. Mas, para o artista marcial verdadeiro, esse elevado estado de alerta se torna parte natural da psique, algo que é automaticamente ligado enquanto se está acordado assim como durante o sono.

 

No treino de Karatê, quando os Katas terminam, os alunos devem permanecer em silêncio por alguns segundos. Isso é o exercício do Zanshin – a conservação da prontidão para ação ainda que a parte física do Kata tenha terminado. Em Iaido, parceiros treinam Katas com espadas de madeira. A partir do momento em que os oponentes se encaram até o fim do treino, os praticantes exercitam o Zanshin. O estado elevado de alerta permite que os parceiros pratiquem movimentos potencialmente perigosos em segurança, por dominarem a técnica. Zanshin também é básico para uma boa técnica no Kata. A idéia por trás de treino em pares é que a técnica passa para segundo plano, enquanto o Zanshin continua a ser desenvolvido. Em Aikido, Daito Ryu, Aikijujutsu e muitas outras artes, quando uma técnica é terminada (com o atacante freqüentemente dominado no chão) o defensor é ensinado a manter sua atenção, posição superior e prontidão para voltar à ação se necessário – Zanshin.

 

“De certa forma, Zanshin se refere a posturas de neutralidade e não agressividade ou de ajoelhar-se de tal forma a estar sempre pronto para ação. Zanshin também é o contraponto da devoção exclusiva à técnica. Você deve aprender a não focar exclusivamente nas suas ações, mas ser atento e receptivo a todas as atividades que o cercam.” Diz Donohue. Pode parecer contraditório, ele continua, “mas ambas as idéias de focar completamente na técnica e manter Zanshin tem a ver com transcender distinções subjetivas e objetivas durante o treino marcial. Harmonia com o Vazio, usando a frase de Musashi (o famoso espadachim japonês), resulta na execução da técnica sem a percepção consciente de fazê-lo. Pelo mesmo princípio, o próprio Zanshin é uma indicação de que o espadachim não sente qualquer lacuna entre ele mesmo e o espaço que o cerca.”.

 

Vários artistas marciais têm diferentes formas de treinar para desenvolver um Zanshin elevado. Algumas vezes, oponentes podem atacar pelas costas para desenvolver um senso quase intuitivo de ataque iminente. Outro exercício coloca o defensor no centro de um círculo de oponentes que o atacam um por um ou em grupos – o defensor usando a atenção aguçada e/ou intuição para antecipar os ataques, freqüentemente combinados com movimentação defensiva. Em um estilo de Karatê (Seido), os alunos em teste para faixa preta treinam vendados e então são levados pelas ruas de Nova Yorque para aguçar seus sentidos e seu estado de alerta. Freqüentemente os alunos relatam que a experiência fez seus sentidos se aprimorarem, cada som, sua origem e direção, a textura do chão ou rua, a sensação de outras pessoas por perto – tudo se amplificando e sendo percebido como nunca antes.

 

 

Há uma velha história Japonesa sobre um jovem que quis ser ensinado por um grande espadachim. Depois de aceito, o aprendiz passou vários anos trabalhando – cozinhando, lavando e limpando para o mestre. Então suas aulas começaram, mas não a prática com a espada. Seu mestre começou a surpreendê-lo com incessantes ataques usando uma espada de treino – enquanto o aluno cozinhava, dormia, a qualquer hora. Ao longo do tempo, as dores e feridas do aluno diminuíram enquanto ele gradativamente aprendia a evitar e se esquivar dos ataques. Finalmente o aluno perguntou ao mestre quando o treino real com a espada começaria. O mestre então respondeu que a ele havia sido ensinado tudo que ele precisava aprender. Isso era Zanshin, tamanha sensibilidade que o aluno podia perceber e então evitar os ataques.

 

Zanshin é o que muitos soldados, oficiais da lei e artistas marciais experientes se empenham em desenvolver. Em algumas formas de meditação e Zen, Zanshin é também um objetivo dos alunos – atenção total ao momento: o foco da mente (sem pensamento ou emoção) em tudo que está ao redor.

 

Roy Suenaka, o autor de “Aikido Completo”, conta uma história sobre o fundador do Aikido, que é a essência desse conceito. Eles estavam sentados no chão frente a frente tomando chá e conversando quando Morihei Ueshiba, sem virar a cabeça, tranqüilamente estendeu a mão atrás de si e segurou algo para que Suenaka visse. “Ah, uma jovem barata”, disse ele, antes de delicadamente deixá-la de lado. Só depois Suenaka percebeu a importância daquilo. Como poderia Ueshiba estar tão alerta que, mesmo focado na conversa ele pode não apenas perceber a presença de algo tão pequeno como saber sua posição exata a ponto de poder pegar a barata sem olhar?