Judô, karatê, capoeira, entre outras são as chamadas artes marciais, ou, explicando melhor, são estilos diferenciados de luta ou treinamento que não usam nenhum tipo de armas modernas, como as de fogo.
Existem centenas de estilos diferentes de artes marciais e cada uma desenvolve técnicas de luta e métodos de treinamento que garantem a eficiência do estilo.
Mas no mundo das artes marciais não há somente o objetivo da luta, pois em cada estilo há uma filosofia que é transmitida aos praticantes. Essa filosofia pode ser entendida através de suas origens: a maioria das artes marciais orientais surgiu em templos, principalmente budistas, assim, a predominância de uma filosofia no sistema de lutas fica bem clara. Essa filosofia é baseada no desenvolvimento total do ser, ou seja: corpo mente e espírito. Assim, a prática de qualquer estilo exige concentração e disciplina para ter bons resultados.
Especialistas no assunto deixam claro que a prática de qualquer estilo de arte marcial sem compreender sua filosofia pode levar o praticante a agir por impulso, de forma imatura e realizar a luta com fins destrutivos e prejudiciais.
Vamos conhecer agora os principais estilos:
O tae-kwon-do tem origem coreana e se baseia principalmente na aplicação de chutes no adversário, apesar de ter algumas técnicas de uso das mãos também. A palavra tae-kwon-do significa "o caminho das mãos e dos pés". Hoje em dia é uma modalidade difundida em todo o mundo e um de seus estilos já é um esporte olímpico.
A capoeira Declarada patrimônio cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a capoeira é a única arte marcial tipicamente brasileira e suas origens vem dos negros escravizados no Brasil.
Os escravos não podiam treinar deliberadamente nenhuma forma de luta e por isso tinham que disfarçar relacionado com a prática de uma dança.
A capoeira envolve jogo, dança, luta música e brincadeira em movimentos ágeis e complexos, feitos com frequência junto ao chão ou de cabeça para baixo. A música é fundamental e determina o ritmo e o estilo do jogo durante a roda de capoeira. Os movimentos imitam movimentos animais, como ocorre em muitas artes marciais.
Outra arte marcial bastante conhecida é o karatê, que significa "caminho das mãos vazias". Tem sua origem no Japão e suas técnicas são baseadas em bloqueios, chutes socos. Sua história tem início no Japão do século XVII, fase em que era proibido o uso de armas pela população e dessa forma tiveram que buscar recursos de defesas nos mestres chineses para se defender contra os samurais.
O kung fu é um tipo de arte marcial bastante difundida em todo mundo. O termo significa "trabalho duro", mas essa luta tem como característica a predominância de estilos suaves e flexíveis. A origem do Kung Fu é muito antiga e parece ter relação com a observação de movimentos usados por diversos animais durante uma luta. Existem centenas de estilos de Kung Fu e um dos mais conhecidos é o Wing Chun, popularizado por Bruce Lee.
O boxe é um tipo de arte marcial bastante agressiva e que não tem uma filosofia própria como as demais. Teve origem na Inglaterra e se baseia apenas no uso dos punhos (mãos fechadas) tanto para a defesa como para o ataque. São poucos os golpes do boxe, mas todos eles bastante eficientes para nocautear um adversário.
O judô Criado por Jigoro Kano no final do século XIX, o judô é inspirado na arte marcial dos nobres e samurais. A palavra judô significa "caminho da flexibilidade" ou "caminho suave" e seu ponto principal é compreender que para vencer uma luta se deve "usar a força e peso do oponente contra ele mesmo". No judô não existem chutes nem socos porque é baseado nas técnicas usadas pelos samurais que durante as guerras usavam poderosas armaduras, contra as quais os chutes e socos não tinham nenhum efeito.
DESPORTO INFANTIL
"O movimento internacional da psicologia do desporto não se preocupa apenas com os processos psicológicos subjacentes ao alto rendimento desportivo. Na realidade, o aspecto central que deve presidir à prática desportiva é o aperfeiçoamento e o bem-estar humano e, nessa medida, os psicólogos do desporto têm promovido uma constante análise dos contextos e processos subjacentes àquela prática, de modo a compreendê-los, propor correcções e melhorar medotologias.
A Federação Europeia de Psicologia do Desporto (FEP-SAC), em que está filiada a Sociedade Portuguesa de Psicologia do Desporto, apresentou no último Congresso Europeu da especialidade que teve lugar em Bruxelas no principio de Julho, a sua declaração de princípios sobre desporto infantil. Na sequência de uma análise cientifica dos processos psicológicos inerentes à prática desportiva das crianças, a PEPSAC apresenta as recomendações que transcrevemos:
« 1 — O desporto infantil deve ser organizado, tendo como objectivo primordial o desenvolvimento do bem-estar das crianças;
2 — Os gestores dos processos respeitantes ao desporto infantil devem ter perfeita consciência de que as crianças não são adultos em miniatura;
3 — Deve ser criada uma subcultura do desporto infantil, com as suas próprias regras e sistemas de competição:
4 — Devem ser proporcionadas às crianças oportunidades de prática de diversas modalidades desportivas, evitando-se a especialização precoce;
5 — Deve ser desenvolvido um clima motivacional no desporto infantil que dê dimânica ao desenvolvimento e mestria de capacidades. Para tal, deve enfatizar-se a gestão dos objectivos pessoais, o autodesenvolvimento, o divertimento, a aprendizagem de novas técnicas, a cooperação e os sentimentos de autonomia;
6 — Os adultos devem ter uma atitude de protecção e aceitação da criança e, quando se revelar adequado, devem promover os sentimentos de independência da criança, bem como a sua colaboração nas tomadas de decisão;
7 — Os treinadores devem manter um contato regular com os pais das crianças que têm a seu cargo. No caso de crianças envolvidos no desporto de alta competição, os pais devem ser parte integrante da equipa que presta apoio aos atletas;
8 — Devem ser dadas oportunidades aos adultos envolvidos no desporto infantil para que recebam formação no que respeita às necessidades e processo de desenvolvimento das crianças desportistas;
9 — Os adultos devem aprender a reconhecer os sinais de potenciais problemas, tais como os que se referem com a ansiedade ou problemas alimentares, procurando assistência especializada, quando necessário.»
i. Este texto é resultado da investigação científica sobre o impacto que a psicologia tem no desporto, no desenvolvimento das crianças. Não há mais razão, à luz do conhecimento actual, para que persistam graves erros que vêm caracterizando a prática desportiva a que se sujeita as crianças. As soluções dependem de todos nós, no dia-a-dia, mas também das normas e sistemas implementados e suportados pelos organismos responsáveis pelo desporto. Será que algum dia se dará mais importância ao ser humano que é a criança, do que à mais-valia desportiva e política que ela pode produzir?"